quinta-feira, 2 de setembro de 2010

(este não é um título direcionador de olhares.)

- Olá, posso trabalhar no seu discurso?

- E quanto eu te pagaria?

- O suficiente pra que eu possa abandonar o remo e mergulhar nessa mentira.

- Tudo bem, mas eu não penso mais em você.

- E se você chorasse?

- Tampouco. Há reservatórios esperando pelo blues mais blue escorrer, e no entanto eu ainda não consegui parar de dançar.

- Nossa. Eu não esperava por isso; bastava uma resposta constrangedora...

- Para mim ou pra você?

- Tanto faz, contanto que alguém se machuque e vá logo pra casa.

- Fiz o melhor que pude.

- Você está sonhando...

- Isso eu não posso. Se ao menos meus sapatos parassem de dançar...

- Ai!

- O que foi?

- Um poema.

- E daí?

- Você não percebe? Eu acabo de pisar num poema amassado e...

- Sim, mas eu não pude imaginar o quanto isso seria pesado pra você.

- POR mim.

- Que seja. De qualquer maneira, me desculpe, mas o poema vai continuar aí. Não é meu.

- Não importa. A dor do tombo é maior do que a vontade de rir da testemunha. Vou embora.

- Não me surpreende.

- Não te previ.

- Não te interessa.

- Não me abandone.

- Não me subestime.

- Não me surpreenda.

- Não se esqueça.

- Não se interesse.

- Ok. Eu venci.

- Eu também.

2 comentários:

  1. Bueníssimo!
    Fiquei com vontade de que esse diálogo se estendesse mais um pouco. Mas ok, tá bom demais assim já. Sempre vai existir a falta, rsrs.

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  2. Loucura! Isso é influência do Jarry? hahahaha


    Merdra de biltre.

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