Hoje senti tristeza. Sabe aquela que não tem fim? Não consegui entender os seus confomes e não sei sua intensidade. Sei que senti tristeza, nada mais. Nada mais sem graça do que isso. Tristeza! Ao passar os olhos pela moça que falava, pensei em parar de pensar para começar a falar. Falei, mas só uma vez, o bastante suficiente pra não ter que falar mais. Uma vez, por quê? Se tivesse mais uma falado, seriam duas tristezas. Duas? Digo que não sei a intensidade, mas sei contar. Contar pra chegar no resultado: senti uma tristeza. Indefini o artigo que definia o que eu não sabia definir e na mesma fiquei com a tristeza. Aquela que senti hoje, que me olhava distante e caminhava petulante pelos corredores da minha entulhada alma. Fiquei triste por ter partido, triste por não ter ficado, triste por não ter esclarecido. Talvez me sentiria triste se não tivesse partido, triste se tivesse ficado, triste se esclarecesse. Era inevitável, antes estava entulhado pela falta da tristeza. Desentulhou. Tudo! Todo o montante que aos poucos foram se agomerando e crescendo, mal cabendo nos corredores, que bulilnavam os assoalhos por não mais espaço ter, foi-se. Sabe quando a gente abre uma gaveta cheia de tralha, que deixa de ser tralha no repentino segundo em que cai no chão? Então, não há mais entulho! A tralha só é tralha se colocada a condição para isso. Preciso aprender melhor como trancar a gaveta.
Já não posso ter espaço para aquela! A que senti hoje, sabe?