terça-feira, 28 de maio de 2013

Outdated GPS

Ao amor que não procuro, dedico minha eterna obsessão. 
Ao outro, o meu encontro.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

[pre]para[ação]

Se agora quero teu beijo
Foi porque admiraste-me os lábios
Se nada diz ao meu querer
É porque fizeste apressado

segunda-feira, 18 de março de 2013

The Inner Light

Estou sem comer desde que acordei. Talvez isso explique as mãos trêmulas e a autopiedade. Mas não o sacrifício (se é que há).

Desconheço a necessidade, mas peço licença.
Antropocentrismo a caminho.
Tem como eu ser a minha religião?

A minha religião é o que eu faço com o que deixo de fazer.
Chove, e a minha religião se molha.
No que concerne ao que a minha memória pode me oferecer, sempre acreditei que a minha religião fosse tudo aquilo em que eu acreditasse e experienciasse em vida.

-meu coração de menina me dizia para obedecer mamãe papai vovós e seguir o treinamento espiritual proporcionado pela tradição - contudo sempre carregando ao peito o mais sagrado e valioso amuleto protetor: o ponto de interrogação-

A minha espiritualidade é terrena e eu só soube que isso era possível quando foi isso que eu senti.
Eu acredito no que atravessa o tempo e permanece fazendo algum sentido.

[As pessoas nunca vão parar de escrever para que as próximas pessoas compreendam que porra é essa que acontece agora e comecem a escrever sobre o seu tempo para que venham os próximos leitores] - esse é um dogma da minha religião. Não conheço outros.

A minha religião surgiu em 1989. Porém, graças ao advento da tecnologia e à educação privada, busca inspiração e apropria-se de fundamentos históricos, e constantemente renova o seu código.
Não possui espaço físico fixo, muito menos angaria fundos - ela é o próprio fundo de buraco nenhum.
Seu sacerdócio sequer imagina fazer parte da minha religião e provavelmente nem religião alguns tenham.

Mas já pode até guardar esse sorriso quimérico; a minha religião também é corrupta. Ela ocasionalmente me trai e decepciona. Só não alicia fiéis porque não confia neles e detesta saber que a popularidade desencadeia na soberania doentia e no etnocentrismo.

Acredite, ela é só mais uma; basta olhar em volta.

A minha religião é um epítome da arte na vida.

Agora posso jantar.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Sobre Qualquer Clausura Voluntária

Quando criança, eu me escondia atrás das pernas da minha mãe.
A minha mãe que é linda e vaidosa. Ficava observando a vida e as pessoas por detrás daquela barreira humana, me protegia dos olhares alheios ao mesmo tempo em que os buscava desesperadamente e era como um teste, uma experiência: quando é que algum desses olhares perdidos encontraria o meu?
Aquele era o meu lugar. Aquele me parecia o esconderijo mais óbvio, e ainda assim ninguém me encontrava.
Eu vi o que as pessoas faziam, testemunhei posturas, ações, atitudes, erros (eu buscava muito pelos "erros"), e me punha no lugar de cada personagem observado. Vibrava ao constatar que eu faria melhor. Invejava os que eu sabia que eram melhores e mais admiráveis do que eu, e admirava. Eu, por minha vez, quanto a mim, bem, eu, eu nunca fazia nada.
Como saber das minhas fraquezas, potenciais e capacidades através tão somente dos meus próprios olhos? Como saber que eu poderia ocupar aquele outro lugar sem que tivesse saído de onde estava? Sem ainda ter me livrado da barra da saia de mamãe?
E no entanto não admito que alguém, do contrário, ocupe esse lugar na minha vida. E não cabe a mim discorrer sobre o que era para a minha mãe ter esse lugar ocupado por mim.

Após uma adolescência, um amontoado de anos de revoltas e reviravoltas e revivals e remixes, claramente a repetição insiste e, para que permanecesse, sofreu adaptações. Não é isso o que dizem ser evolução? Continuo a ocupar traseiras de pernas e barras de saia. Pobres dos meus amigos.
Não me mostro totalmente (não quero revelar o que ainda não me foi revelado completamente) e não sou inteira se não tenho meu óbvio esconderijo por perto. Meus olhos procuram, ainda atônitos e dissimuladamente desesperados, por modelos de erros e acertos para que eu nunca perca, caso queira sair à revelia.
Meus olhos buscam por aquilo que eu acredito que ninguém vê. Há quem queira batizar isso de 'mistérios da noite' (no caso, eu). Que rosto há por trás daquela barba? O que ronda pelo interior daquele crânio revestido por esse longo cobertor capilar? O que temem esses olhos perdidos e obscurecidos pelo canto mais mal-iluminado da festa? Canto esse que também pode ser o esconderijo mais óbvio.
Meus olhos querem perceber as pernas que tampam esses sujeitos. Talvez eu queira ser a barra de saia que eles precisam; eu sei acobertar um grande potencial. Eu quero reconhecer o promissor.
Mas eu nunca fiz nada. E estou eu mesma acobertada por uma série de pernas, cabelos, barbas, olhos e saias e obscuridades.

Quando criança, numa festinha de aniversário da minha prima, um coleguinha dela levantou abruptamente a saia do meu vestido no meio do salão. Instintivamente eu o empurrei com tamanha brutalidade que o garoto caiu sentado e foi deslizando e derrubando as mesas e cadeiras de plástico em seu trajeto. Strike. Saí correndo para chorar no meu cantinho, lá atrás das pernas da minha mãe. Chorei de vergonha.
Pensei no ocorrido e constatei que pouquíssimas pessoas teriam visto a minha calcinha; porém, a festa toda parou para ver o estrago que eu fizera com o garoto e com a configuração do salão. Fechei os olhos e a vergonha se multiplicou inimaginavelmente, e me pus a chorar ainda mais forte e mais doído.

Há cerca de dois anos, numa viagem com a minha Cia., estávamos todos caminhando quando um dos meus companheiros subitamente levantou, mais uma vez, a saia do meu vestido ao atravessarmos a rua no centro da cidade.
Não fechei os olhos, não chorei, não empurrei ninguém, e minha reação foi uma previsível histeria raivosa que arrancou risos também histéricos dos meus colegas. Engoli o ódio, mas este entalou no meio da traqueia; fechei a cara (não os olhos) e pensei, pensei muito nos estragos que eu poderia causar. Não fiz nada.

Pelo visto, não estou protegida nem mesmo por debaixo da minha própria saia.
As barbas que momentaneamente possuo me ralam o rosto e me machucam com a aspereza.
Os olhos perdidos nunca me encontram até que eu pare de procurá-los com os meus.
Estou do outro lado do oceano e não tenho um esconderijo menor que esse apartamento, essa cidade e esse país.
Hoje me olho demasiadamente no espelho.
Não vejo pernas.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

How It Would Be If It Was

You: How do you feel?
Me: Feel what? What am I supposed to feel?
You: You're alive, dear. You're expected to feel something, at least.
Me: Right. So what do you feel?
You: That wasn't my question.
Me: But it's mine.
You: You'll never tell me, will you?
Me: Never is a promise.
You: I feel I'm in love with you.
Me: I'm not feeling too bad.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Unresisting to a White Page and some Black Ink

Among this wide range of such intimate secrets
I lie.

Guess how.

And long for a kiss from a nearly strange in such intimate ways:

never touching for a whole day
never fought about a real thing
never met a single relative
never took care of your migraine -

I just seem to feed it instead;
just seem to feed the distance.

(I) just seem to know you by far.

Can you guess how I lie now?
I lie coldly without you.
(and yet that's not the answer)


So long -
not for long.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

QUASECONTO INACABADO (1º de muitos)


Na sala, naquela mesma sala instável, depósito de amplificadores e preguiças, entraram os quatro rindo muito, mãos dadas com a noite. Começava ali no cômodo quadrilátero uma dinâmica naturalmente rítmica; um quatro-por-quatro - compasso óbvio, mas unicamente rico e versátil - (e) Um (e) dois (e) três (e) quatro.
(e) Uma. (e) Aquela. (e) Aquele. (e) Ela. Uma está sentada num sofá e opina, Aquela se levanta e contrargumenta o que diz Aquele, que dedilha alguma coisa no violão, e Ela, que está ao seu lado, toma o violão d’Aquele e não toca alto.
A Gorda parecia bem. Tremia um pouco com o frio, mas recebera aos quatro carinhosamente e suportou os abraços e apertões.

A casa soava como uma festa bem melhor do que aquela à qual iriam mais tarde. O quarteto parecia se multiplicar com o entusiasmo que vinha simplesmente daquela união e da vontade de viver uma noite menos ordinária. Aquele sentia-se acariciado pelos sorrisos e gargalhadas das três, que, já numa alegria ébria, se queixavam do frio envoltas por uma elegância quase desconhecida, e ouviam as queixas d’Aquele como suas falsas irmãs. Seus pensamentos, porém, voavam pela janela e vazavam para fora em lugares totalmente distintos. Como sempre. Não que aquele encontro estivesse longe de ser real; é que sempre existe a possibilidade de um outro. Naquela mesma sala instável.

Ela, que sempre pareceu mais distante, estava próxima do momento presente tentando recolher seus pensamentos defenestrados para dentro da sala. Acabou puxando-os com tanta força que eles atravessaram a sala, o corredor, e caíram na desordem do quarto do fundo. O tempo ficara monossilábico como suas próprias frases.
Num repente, Ela o pressentiu tactilmente, sabia que Ele viria e que o veria e então perdeu parte de sua naturalidade. Como sempre. Seus pensamentos correm, atônitos, do quarto ao portão.
Ela se cala em protesto à chegada d’Ele. E, independente de qualquer crença ou ausência de uma, Ele sobrenaturalmente entra naquela mesma sala, Ele, a passos silenciosos, tal qual uma aparição branca, branca e magra, oh sim, ali estava Ele. De olhos vagos, Ele chega numa aflição quase maior que o disfarce que Ela usava para cobrir o brilho nos olhos.
Naquele momento, naquela mesma sala, três pessoas mais a Gorda assistiam ao desencontro, ao desconforto, ao descompasso de duas respirações. Visto do lado de fora da janela, aquilo tudo era minúsculo. Como sempre.

Dois pares de olhos que se misturavam a meia dúzia de palavras insignificantes.
Como pôde o rosto d’Ele roubar temperaturas e gerar falsas tempestades?

(e) Pisa, contratempo, preparou e... Pena que não houve dança.


terça-feira, 22 de maio de 2012

Eu queria demais lembrar quem era esse sujeito.

PROCURA-SE

aquele novo sorriso de dedos ágeis
afagáveis,
os olhinhos apertados de pouca barba,
a magreza simpática de cabelos em desordem.

não faço por inteiro
não obtenho o todo
optei involuntariamente pela caça às migalhas
pelas meias-palavras
por cabeças sem pés.

e se eu os posso completar
cabe ao meio saber.

06/10/2010

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

who knows?

todo mundo, menos ele.
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um dia, quem sabe...