terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Qualé?

O blog continuará existindo em 2011?

Hahahahahahaha.

domingo, 14 de novembro de 2010

Um pouco do que penso atualmente quando penso em arte.

A vida deve obedecer a duas necessidades que, por serem opostas entre si, não lhe permitem nem se fixar duradoramente nem se mover sempre. Se a vida se movesse sempre, não se fixaria nunca - se se fixasse para sempre, não se moveria mais. E é preciso que a vida se fixe e se mova.
O poeta se ilude quando crê ter encontrado a libertação e atingido a quietude, fixando para sempre numa forma imutável a sua obra de arte. Esta sua obra apenas acabou de viver. Não se têm a libertação e a quietude senão à custa do término do viver.
E todos os que as encontraram e atingiram ficam a tal ponto nessa miserável ilusão, que crêem estar ainda vivos, quando estão, ao invés, tão mortos que nem sequer percebem o fedor de seus próprios cadáveres.
Se uma obra de arte sobrevive, é só porque ainda podemos removê-la da da fixidez de sua forma; fundir essa sua forma dentro de nós em um movimento vital; e a vida, então, somos nós quem lha damos; a cada tempo diversa, e variando de um para o outro de nós; muitas vidas, e não uma só; como se pode deduzir das contínuas discussões que se fazem a respeito e que nascem do não querer acreditar justamente nisso - que somos nós que damos essa vida, e que de fato não é possível que a vida que eu dou seja igual àquela dada por um outro.

Pirandello - "Esta noite se representa de improviso"

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

(ingenerável)

É o mesmo velho mundo, mas nada parece igual...

Minha voz pode alcançar o Oceano Índico e atravessar a nebulosidade de um vulcão! What I'd say...

Sempre que... Espere.

Minha cabeça não para de girar... O universo respira contra meus olhos, e meu coração provavelmente está em um de meus sapatos. Nas minhas mãos secas estão as paredes e portas do corredor - chamativo chão, fugitivas chaves.

Sempre andando, nunca querendo chegar, eu derreto

Pudera, depois de ter perseguido todos os carros da cidade em um sábado desalmado, desbravei fantasmagoricamente mais de cento e vinte e quantos peitos, mas quem se arrisca num sábado desalmado tem o corpo fechado, inclusive eu, inclusive os vasos sanitários que se tornam velhos confidentes, inclusive os suportadores saltos altos, ah se eu pusesse as mãos neles, mas agora elas seguram paredes e portas, mas nunca maçanetas.

O universo respira em círculos desde quando resolvi guardar meu coração onde ninguém pudesse pisá-lo a não ser eu. E me pergunto se algum dia poderei sair desse transatlântico onde os lençóis são tão amarelos e oitentistas e o carpete cheira a soco inglês tão cinquentista e as pobres torneiras verdes tão setentistas... Ah, meu sofrimento... Tão... sessentista.

Bem, eu não preciso de ninguém, porque aprendi, eu aprendi a ficar só. E digo mais: não tenho culpa se os moinhos-de-vento e as retroescavadeiras acabam bravamente derrotados por mim...

Minha voz pode te deixar em carne viva! Viva a carne... A carne tão desalmada quanto um sábado. Um sábado desalmado onde cães e cuecas afiam as facas nos meus erros...

É o mesmo mundo igual, mas nada me parece velho oras aaaaaaaaaaaaaaaaaa

Tiro as paredes e portas das mãos para que caiba a minha cabeça giratória. Arranco o sapato do pé, respiro fundo, é agora, e digo: qualquer lugar em que eu puder encostar a cabeça eu vou chamar de casa.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Vício (um dos).

Macarrão (talharim)
Manteiga
Cebola
Alho
Queijo ralado

Refogue a cebola e o alho na manteiga (coloque uma boa quantidade de manteiga). Quando o macarrão estiver pronto, misture-o com o refogado e acrescente queijo relado.

E viva o macarrão na manteiga!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Sigo nessa dança.

O que faz de um tango um tango não são as letras lamuriosas. O que faz de um tango um tango não é Gardel morto que canta cada vez melhor. O que faz de um tango um tango não são os passos ensaiados na tradição. O que faz de um tango um tango não é a orquestra com o ar cansado de quem tudo já viu. O que faz de um tango um tango não são as pernas altas da dançarina, calçadas em meias pretas. Não é seu cabelo preso, ora com flor, ora com fita. O que faz de um tango um tango não é o chapéu antigo do dançarino. Não são os seus sapatos lustrosos. Não é seu terno de risca-de-giz. Não é seu lenço dobrado no bolso da lapela. O que faz de um tango um tango não é Buenos Aires. Não é qualquer geografia. O tango não está no mundo das latitudes, das longitudes, das cartografias, dos guias turísticos.
O que faz de um tango um tango é a atração e repulsa. É a tentação e o medo. É o afeto e a raiva. O que faz de um tango um tango é ela seguindo na mesma direção dele, e ele seguindo na mesma direção dela, até que um tenta fugir e o outro tenta impedir, numa alternância de fugas que se querem e não se querem. O que faz de um tango um tango é a dor de um e de outro transformada em coreografia simétrica. O que faz de um tango um tango é o encontro que se desencontra e se reencontra. O que faz de um tango um tango são os volteios do amor que bebe no prazer e na fúria. Os volteios do amor que se amorna e logo torna a incandescer. O que faz de um tango um tango é o amor que, na iminência de um final que se pronuncia infeliz, acha o final feliz. Porque nunca em um tango que é tango os dançarinos terminam separados, descolados, deslocados.
O que faz de um tango um tango sou eu dentro de você na carne e você dentro de mim na alma, depois do último acorde, depois do último aplauso, depois da última lágrima, depois do último gozo. O que faz de um tango um tango é a música que se quer silêncio. O silêncio dos amantes.

Mario Sabino

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Título:...............(Se possível, dado por você)

Ele avança dois passos

E olha pra cima

Debaixo percebe que em cima está diferente

E a este evento

Ele chamou: Arte



Tudo era suficientemente novo para que ele pudesse questionar o que para ele era inquestionável diante das experiências vividas até ali que é onde ele quis sempre estar atento a todas as transformações que para ele não eram somente nomes



Num surto de ansiedade

A cabeça ele coçou

E mais uma vez tentou olhar para cima/ Que ainda estava diferente/ Ainda chamava de arte



?


Então decidiu compartilhar a sua descoberta

com todos aqueles que já haviam dito

que haviam descoberto o que ele decidira

compartilhar e todas essas questões ele projetou

didaticamente na parede e no papel e todos

aqueles que já haviam dito que haviam

descoberto que ele decidira compartilhar

amassaram suas projeções e continuaram a fazer o que haviam dito que haviam decoberto



E mais uma vez

Num surto de ansiedade

A cabeça ele coçou


Ele olha para cima

E percebe que o cima sempre estará diferente

Do cima que ele olhava antes

E percebe também

Que o cima diferente para ele não é igual para aqueles que já haviam dito que era diferente


Então decidiu não mais compartilhar a sua descoberta com todos aqueles que já haviam dito que haviam descoberto o que ele não decidira mais compartilhar


E depois dos dois passos avançados/ Do cima não mais compartilhado


Num surto de ansiedade

A cabeça ele coçou

E a esse evento

Ele também chamou: Arte



quinta-feira, 2 de setembro de 2010

(este não é um título direcionador de olhares.)

- Olá, posso trabalhar no seu discurso?

- E quanto eu te pagaria?

- O suficiente pra que eu possa abandonar o remo e mergulhar nessa mentira.

- Tudo bem, mas eu não penso mais em você.

- E se você chorasse?

- Tampouco. Há reservatórios esperando pelo blues mais blue escorrer, e no entanto eu ainda não consegui parar de dançar.

- Nossa. Eu não esperava por isso; bastava uma resposta constrangedora...

- Para mim ou pra você?

- Tanto faz, contanto que alguém se machuque e vá logo pra casa.

- Fiz o melhor que pude.

- Você está sonhando...

- Isso eu não posso. Se ao menos meus sapatos parassem de dançar...

- Ai!

- O que foi?

- Um poema.

- E daí?

- Você não percebe? Eu acabo de pisar num poema amassado e...

- Sim, mas eu não pude imaginar o quanto isso seria pesado pra você.

- POR mim.

- Que seja. De qualquer maneira, me desculpe, mas o poema vai continuar aí. Não é meu.

- Não importa. A dor do tombo é maior do que a vontade de rir da testemunha. Vou embora.

- Não me surpreende.

- Não te previ.

- Não te interessa.

- Não me abandone.

- Não me subestime.

- Não me surpreenda.

- Não se esqueça.

- Não se interesse.

- Ok. Eu venci.

- Eu também.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Um pesar das coisas!

Entro aqui todos os dias e na ultima percebi o tempo que tem entre cada postagem minha. Tem momentos que tanta coisa tenho a dizer e mesmo assim ainda não sei o porquê dessa minha ausência. Na verdade esta postagem é uma justificativa, somente um : "olha pessoal eu to aqui e leio tudo o que vocês escrevem".
Quero aproveitar meu tempo para organizar as ideias e dividi-las com vocês, fazemos tanto isso nas nossas conversas que não sobra surpresa para transcreve-las; parece que não é necessária a transcrição, visto que nos confortamos no "ao vivo" da nossa amizade. Melhor que seja assim, pois as relações que acontecem de fato superam quaisquer outras que se dão por meios virtuais (eu que o diga), mas um pouquinho de novidade não faz mal! Perdoem-me pelo plural, acabei falando por vocês que sempre estão aqui, escrevendo...
Enfim, essa tomada de consciência tem somente a finalidade de lhes dizer: Estarei mais presente nesse contexto.
Um beijo as vozes que me escutam diariamente (hahahaah)

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

...

Ele vai mesmo. Comecei a sentir mais de perto hoje. Acho que por mais que eu pensasse sobre isso, eu conseguia manter uma certa distância desse dia e driblava o choro com a ideia de que ainda faltava um mês. Agora, ao lado dele, falta menos de uma semana. Me dei conta quando fui buscar uma foto nossa, que levei pra revelar e que vou dar de presente, pra que ele me leve com ele, não apenas no coração. Passei na padaria depois, e até a moça que me atendeu percebeu que eu não estava muito bem, pois ela insistiu que eu provasse o brigadeiro que ela tinha acabado de fazer. Visto que não adiantou muito, ela fez questão que eu provasse mais um e aí, meu sorriso escapou no canto na boca. Ela então, se deu por satisfeita.
Ainda não consigo imaginar minha vida sem ele aqui, sempre tão companheiro. Também sei que, nesses mais de 10 anos de amizade, já estivemos bem distantes fisicamente e em diferentes momentos de vida. Mesmo assim, nunca nos perdemos. Não vai ser agora.
Fico muito feliz com mais essa conquista dele e sei que esse tempo não é nada perto do que fomos, do que somos. Mas, ainda assim, serão dois anos de muita saudade. Saudade dos foundes de queijo que só ele e o Campo Limpo sabem fazer (rsrs), saudade de ir ao cinema com quem sabe tudo de cinema, saudade das ansiedades compartilhadas, saudade do esforço que ele faz pra entender meu coração, saudades dos nossos segredos, saudade das mensagens trocadas durante todo o dia, saudade das reclamações de trabalho dele, saudades das brincadeiras tão nossas.
Enfim, já tô aqui, morrendo de saudades e contando os dias pra que ele chegue, de volta.
Te amo, Zirzu.

Marinovsky

domingo, 25 de julho de 2010

- sobre o que fica no braseiro de um encontro

Saudade do que eu seria se não fosse por você.

(Uma sensação de nostalgia amarrada à ausência de ocasionalidades. O acaso chegou a me abandonar durante um tempo, ou eu o abandonei... Remorso de personalidade. Fúria. Paciência.)

Eu sou uma pessoa, sou essa pessoa, e nessa tentativa de autoafirmação sinto que mantenho comigo as marcas de ferro quente que o outro (que compreende uma quantidade infinita de indivíduos) faz em mim, muitas vezes só por sorrir e acenar ou por atirar um ou outro gesto de indelicadeza. E o outro é uma pessoa, é aquela pessoa, e somos eus e outros os pontos de intersecção da maior teia do mundo. Mas não é aqui que eu quero chegar.

Somos tocados uns pelos outros, e tocamos uns aos outros o tempo todo, num movimento injusto, porque nos falta percepção e sensibilidade (ou seria coragem?) para tocar e ser tocado. Uma vez acariciei e levei uma escarrada. Outra vez fui beijada e dei um soco. Há-braços que ferem.

E essa dinâmica ora me enche os olhos, ora me aborrece e frustra, como se estivesse vendo as coisas pela primeira vez. As coisas, porque são muitas.

Quando não nos vale o toque, o contato, jogamos fora? Nem sempre o que não nos vale não nos afeta; afinal, quando tocamos as coisas, espalhamos nossas digitais, e uma vez que o ferro quente nos marca a pele, a cicatriz não sairá mais. E enxergar essa dinâmica como algo mágico ou poético é só uma questão de perspectiva. É quase aqui que eu queria chegar.

Muitos dos meus hábitos, gostos e repetições são marcas de ferro quente ou digitais que me foram depositadas. Palavras são desnecessárias (acho que acabo de me desmoralizar a favor de uma música que TOCA). Há coisas que não compreendemos logo, assim, de cara, mas chega um momento em que se pode ver que há uma saída. Pois há a saída de equiparar um encontro 'eu-outro' com a relação 'autor-obra': o proceso "nascimento - amor - morte".

Pisamos num determinado espaço (pois basta um passo à frente para não estar no mesmo lugar), nascendo assim na vida do outro e o outro na nossa, e sofremos qualquer tipo de afetação através do toque, direto ou indireto, estabelecendo eventualmente uma espécie qualquer de relação entre a gente - como a relação do amor do autor pela sua obra -, e o fim é a morte de um para o outro. PARA o outro. Sim, nós continuamos existindo após o final de cada encontro, mesmo que só pra nós mesmos. Era mais simples chegar onde eu queria.

No final das contas, essa dinâmica toda fica em cada brasa dos ferros quentes, em cada sintoma de representação, em cada problemática e ponto de intersecção dessa grande teia. Sem determinação, garantia, contrato, certeza.

Eu sou essa pessoa, você é essa pessoa, e eu sinto falta da falta do nosso encontro.

Talvez nunca chegue onde queria chegar.

domingo, 18 de julho de 2010

Isto ou aquilo?

Se a gente parar pra pensar, nascemos de uma escolha. Talvez, na época da minha mãe (sim, eu sou velha!),não houvesse muitas saídas, mas ainda assim, ela optou por engravidar. Claro que existem os acidentes e, nem sempre, as pessoas realmente desejavam que o caminho fosse esse, mas ainda assim, optaram por fazer sexo (por mais que às vezes não pareça, temos a opção de dizer não), além do fato de que fazemos escolhas inconscientes. Enfim, depois que começamos a ser gerados, não apenas escolhem o nosso nome, mas também nosso esporte favorito, nossa profissão e, em muitos casos, até nossa personalidade (dependendo do movimento que a gente faz pra se acomodar na barriga da nossa mãe). Bendita seja a autonomia que adquirimos depois.
Portanto, a vida já começa dentro do universo da escolha. Isso não apavora? Eu fico extremamente incomodada, pois isso só me prova que não temos mais como escapar...Vai ser assim até o fim. Eu, particularmente, odeio escolher e evito, ao máximo, essas situações, mas é impressionante como elas me perseguem e me colocam na parede o tempo todo: "ou isto ou aquilo, Marina! Você escolhe!" (eu ouço essa frase constantemente, tanto dos outros, como da minha própria consciência).
Existem situações em que é impossível não escolher, como por exemplo, sentar no bar e decidir se quer tomar cerveja ou vinho. Você pensa no que seria mais gostoso para aquele dia e faz sua opção. Essa é a tal da escolha racional, que me apavora, pois se você pensa, é porque as duas opções são bem vindas. O pior: muitas vezes, a gente escolhe a cerveja, mas fica uma pontinha de desejo de tomar um vinho, nem que seja uma taça. Nesse caso, você escolhe se quer passar mal ou não, hahaha.
Mas, dentro de tantas situações angustiantes (pelo menos pra mim), existe aquela escolha que nem deveria ser chamada de escolha, pois nem percebemos que ela está operando. Essa escolha, é definida por mim, como a escolha apaixonada. A gente escolhe como se aquele fosse o único caminho a seguir e nem paramos pra pensar sobre o que estamos perdendo ou ganhando. Dizem que essa é a mais perigosa de todas e, é claro, eu luto para que ela não me pegue, mas ela sim é INEVITÁVEL. Em algum momento da vida ela dá as caras e a gente não consegue mais voltar atrás, por mais que as pessoas tentem te convencer de que aquilo tudo é uma loucura.
Uma metáfora boba para isso, é quando temos que escolher o sabor do sorvete. Tem dias, que a gente fica horas pensando sobre qual seria melhor, mas existem outros dias, que a gente acorda desejando o de flocos tão fortemente, que nem nos preocupamos que existem mais de 50 tipos disponíveis no mundo. Só o de flocos basta.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Abaixa o rádio Dona Maria!




Não é de todo mau, porém, gostar do que já não se gosta mais. Não é de todo mau nunca. Digo somente o "de todo", pois alguma parte tem de mau nisso. Digo alguma parte apenas, pois a outra eu entrego para as mudanças. São elas que refinam nosso pensamento crítico e que nos faz abaixar muitas vezes quando necessária , a melodia que tanto incomoda na sala ao lado.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Ah, essas calças surradas...

Elas são muito mais confortáveis, isso é um fato inegável! A cor fica mais bonita com o passar do tempo, a textura mais gostosa, além de possuírem uma aderência impressionante ao nosso corpo. A gente usa e gosta tanto, que parece impossível achar que outra seja tão boa.
Mas existe um momento bem crítico dessa paixão: quando elas rasgam. Eu, pelo menos, fico insistindo para que minha vó, que é costureira e que não se conforma com tal adoração, possa cerzi-la ou colocar um remendo que não salte aos olhos de quem me vê. Já obtive sucesso algumas vezes e elas duraram algumas semanas a mais.
A tristeza maior é que elas não são eternas. Chega uma hora, que o lixo é o único lugar plausível que elas devem ocupar. Sendo assim, temos que comprar uma nova e começar a luta novamente, sabendo que um dia elas também podem ter o mesmo destino...
Isso tudo parece muito lógico: não queremos nos desfazer do que é extremamente confortável, não é? Esse é o grande mal. Por essas e por muitas outras, é que passei a dar ouvidos pra minha nonna! Pra que prolongar esse desgaste? Se chegou ao ponto de rasgar, é porque já foi até o limite do que pode ser. Calças novas, bem escolhidas, também podem ser confortáveis e bonitas.
Vou terminar por aqui, com as palavras do Fernando Pessoa, que me vieram à cabeça enquanto eu escrevia.
"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os caminhos, que nos levam sempre aos mesmo lugares. É o tempo da travessia; e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, pra sempre, à margem de nós mesmos."

E que venham as boas novas!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

E agora, José?



"Os bons e maus resultados de nossos ditos e obras vão distribuindo-se, supõe-se que de maneira bastante uniforme e equilibrada, por todos os dias do futuro, incluindo aqueles infindáveis, que já cá não estaremos para poder comprová-lo, para congratularmo-nos ou pedir perdão. Aliás, há quem diga que isto é a imortalidade de que tanto se fala."
(José Saramago)

E que você encante outros mundos com suas histórias...

terça-feira, 15 de junho de 2010

outra coisa:

tomei liberdade pra mudar o nosso layout, que tava muito out.
sugestões são mais que bem-vindas.

as fotos mudarão também.


mais tapas e beijos

SALVEM O BLOG!

talvez no presente contexto não haja inspiração, tempo, dinheiro, disposição, contraposição, suposição, supositório, galinha preta, vudu, pôneis, embalagens de paçoquinha, etc etc etc la la la la la






mas não vamos deixar o nosso pobrezinho com fome... ele se alimenta de sopa de letrinhas. nossa que ENGRA!




o fato é que estou protestando contra a gente que tá mole demais pra sentar e escrever.

DIGNIDADY JAH




tapas e beijos

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Qual o seu cansaço?

É isso mesmo. Cansei de tanta coisa hoje. Aliás, me dei conta que estou cansada há muito tempo, mas de alguma forma eu tentava burlar pra evitar a fadiga. Fui vencida então, pelo cansaço, e aqui estou, pedindo paz, arrego, bandeira branca.
O que mais me impressiona é que algumas pessoas não cansam! Que coisa maluca isso. Só de pensar num processo incansável, fico ofegante. Será que eles não entendem como isso é chato? Chega uma hora que a gente tem que olhar além do que está posto...Outras perspectivas, outros anseios, outros outros. O mundo é tão grande e cheio de tanta coisa, que não dá pra parar no mesmo ponto e ficar ali, lamentando, sonhando, idealizando e, o pior, querendo carregar o outro pra esse mesmo lugar, ainda que ele se mostre cada vez mais de saco cheio.
É isso mesmo. Cansei disso, cansei de conter minhas lágrimas, cansei do outro, cansei da falta de amor, cansei do excesso dele, cansei de ser o que eu quero,cansei da minha irmã morar tão longe, cansei de não gostar de nozes, cansei de sentir saudades, cansei da novela das 6, cansei dessa droga deliciosa que são meus dias, cansei da embalagem nova do Malboro, cansei da minha alergia ao pó, cansei de gostar de chocolate amargo,cansei de querer olhar e não conseguir,cansei de todas as bandas inglesas, cansei de não querer mudar minhas convicções, cansei de mudá-las, cansei de ter que secar a franja, cansei de rir sem achar graça, cansei da minha pasta de dente Close Up vermelha, cansei dos abraços que não me saciam, cansei do preço das passagens rodoviárias, cansei de associar vinho ao frio, cansei de todas as palavras e, mesmo assim, ter que usá-las, cansei dos avisos do metrô, cansei dos filmes que tocam meu coração, cansei da linhaça, cansei até da Dolto.

Hoje, só não me cansei de pensar em você. :)

terça-feira, 11 de maio de 2010

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Ei George...

http://www.youtube.com/watch?v=wynYMJwEPH8

segunda-feira, 3 de maio de 2010

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Simples assim.

Felipe, de 6 anos, chega afobado à sala de aula e convoca uma reunião com seus colegas de classe e com sua professora: "Vocês precisam me ajudar! Pode ser?" Sem ouvir a resposta afirmativa dos demais, começa a explicar seu problema: "Gente, meu aniversário é na semana que vem e queria muito que minha irmã viesse, mas como ela mora em Londres, talvez ela não venha por causa da fumaça do vulcão. Então, tenho um plano: quero todo mundo na minha casa amanhã pra gente construir umas placas de metais beeeemmm grandes! Aí, a gente chama uns helicópteros que vão levar essas placas até a boca do vulcão e tampá-lo...Depois que minha irmã chegar no Brasil, ele pode ser destampado e aí pode soltar quantas fumaças ele quiser!"

Alguns de seus colegas começam a rir e a professora questiona o por quê das risadas. Uma das meninas explica que esse plano é "quase impossível, afinal não é tão fácil arranjar helicópteros. Depois de alguns segundos, logo surge mais um plano infalível, dessa vez dito por Isabel, também de 6 anos: "É simples! A gente pode ir no carro da minha mãe!"

(Ao lado deles, cada vez mais, resignifico minha vida).


segunda-feira, 12 de abril de 2010

Desse jeito.

Every time we say goodbye, I die a little...

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Reminiscências: Pessoas e Lugares

BROOKLYN: ruas arborizadas. A ponte. Igrejas e cemitérios por todo lado. Além de lojas de doces. Um garotinho de idade ajuda um senhor a atravessar a rua. O velho sorri e esvazia seu cachimbo na cabeça do guri. O menino corre chorando para casa. (...) Um calor infernal desce sobre o bairro. Os cidadãos colocam as cadeiras na calçada e sentam-se para conversar. De repente, começa a nevar. NINGUÉM SE ENTENDE. Um vendedor ambulante oferece rosquinhas quentes. Soltam-lhe os cachorros em cima e ele é obrigado a refugiar-se numa árvore. Infelizmente para ele, há mais cachorros à sua espera no alto da árvore.


BAÍA DE SHEEPSHEAD: um pescador exibe, rindo orgulhosamente, a lagosta que acabou de capturar. A lagosta crava as garras em seu nariz. O pescador pára de rir. Seus amigos puxam-no para um lado, enquanto os amigos da lagosta puxam do outro. NINGUÉM SE ENTENDE. O sol se põe. Estão nisso até agora.


NEW ORLEANS: Uma banda de jazz toca um tristíssimo blues sob a chuva num cemitério local enquanto alguém é enterrado. Terminado o sepultamento, a banda passa a tocar hinos religiosos e começa a descer em direção à cidade. No meio do caminho, descobre-se que haviam enterrado o homem errado. E, o que é pior, um nem conhecia o outro. A pessoa que tinha sido enterrada não estava morta, sequer doente - na realidade, limitava-se a cantar junto com a multidão. Todos voltam ao cemitério e exumam o pobre homem, o qual ameaça processá-los, embora estes lhe prometam mandar o seu terno para a tinturaria e pagar a conta. Entrementes, ninguém sabe quem realmente morreu. A banda continua a tocar enquanto cada um dos presentes é enterrado de cada vez, na expectativa de que o morto será aquele que protestar menos. [NINGUÉM SE ENTENDE.] Logo se torna aparente que ninguém ali está morto, mas agora já é tarde demais para se conseguir um corpo devido à proximidade dos feriados.


Woody Allen

[Um beijo para Woody e as nossas vozes]

quinta-feira, 1 de abril de 2010

O Abridor de Latas



Pela primeira vez no Brasil um conto escrito inteiramente em câmera lenta.

Quando esta história se inicia já se passaram quinhentos anos, tal a lentidão com que ela é narrada. Estão sentadas à beira de uma estrada três tartarugas jovens, com 800 anos cada uma, uma tartaruga velha com 1.200 anos, e uma tartaruga bem pequenininha ainda, com apenas 85 anos. As cinco tartarugas estão sentadas, dizia eu. E dizia-o muito bem pois elas estão sentadas mesmo. Vinte e oito anos depois do começo desta história a tartaruga mais velha abriu a boca e disse:

- Que tal se fizéssemos alguma coisa para quebrar a monotonia dessa vida?

- Formidável - disse a tartaruguinha mais nova 12 depois - vamos fazer um pique-nique?

Vinte e cinco anos depois as tartarugas se decidiram a realizar o pique-nique. Quarenta anos depois, tendo comprado algumas dezenas de latas de sardinha e várias dúzias de refrigerante, elas partiram. Oitenta anos depois chegaram a um lugar mais ou menos aconselhável para um pique-nique.

- Ah - disse a tartaruguinha, 8 anos depois - excelente local este!

Sete anos depois todas as tartarugas tinham concordado. Quinze anos se passaram e, rapidamente elas tinham arrumado tudo para o convescote. Mas, súbito, três anos depois, elas perceberam que faltava o abridor de latas para as sardinhas.

Discutiram e, ao fim de vinte anos, chegaram à conclusão de que a tartaruga menor devia ir buscar o abridor de latas.

- Está bem - concordou a tartaruguinha três anos depois - mas só vou se vocês prometerem que não tocam em nada enquanto eu não voltar.

Dois anos depois as tartarugas concordaram imediatamente que não tocariam em nada, nem no pão nem nos doces. E a tartaruguinha partiu.

Passaram-se cinqüenta anos e a tartaruga não apareceu. As outras continuavam esperando. Mais 17 anos e nada. Mais 8 anos e nada ainda. Afinal uma das tartaruguinhas murmurou:

- Ela está demorando muito. Vamos comer alguma coisa enquanto ela não vem?

As outras concordaram, rapidamente, dois anos depois. E esperaram mais 17 anos. Aí outra tartaruga disse:

- Já estou com muita fome. Vamos comer só um pedacinho de doce que ela nem notará.

As outras tartarugas hesitaram um pouco mas, 15 anos depois, acharam que deviam esperar pela outra. E se passou mais um século nessa espera. Afinal a tartaruga mais velha não pôde mesmo e disse:

- Ora, vamos comer mesmo só uns docinhos enquanto ela não vem.

Como um raio as tartarugas caíram sobre os doces seis meses depois. E justamente quando iam morder o doce ouviram um barulho no mato por detrás delas e a tartaruguinha mais jovem apareceu:

- Ah, murmurou ela - eu sabia, eu sabia que vocês não cumpririam o prometido e por isso fiquei escondida atrás da árvore. Agora não vou buscar mais o abridor, pronto!

Fim (30 anos depois)


Millôr Fernandes


domingo, 28 de março de 2010

Ato Falo. Op's, Falho.

De maneira bem simples, podemos dizer que o ato falho é uma das formas de manifestação do inconsciente, que se expressa nos lapsos de memória, na fala e, até mesmo, na escrita. Freud compara os atos falhos aos sintomas, aos chistes e aos sonhos, já que nossas pulsões precisam encontrar vazão de alguma forma e, nossos desejos inconscientes, também precisam ser realizados. É sempre bom lembrar que, muitas vezes, esses conteúdos precisam de "disfarces" para ultrapassarem a barreira existente entre nosso inconsciente e nossa consciência e, por isso, é tão difícil interpretá-los. Eu sempre tomo muito cuidado para não cair nos "achismos" e gosto de pensar sobre isso no ambiente de análise, onde posso deixar o inconsciente mais livre ainda para as minhas possíveis associações. Mas o fato é que, independente dos cuidados a serem tomados, é quase impossível não nos aventurarmos nas mil respostas que eles podem ter e ficamos sempre com aquela perguntinha atrás da orelha: "O que isso quer dizer?" E aí pronto! Um prato cheio para os obssessivos de plantão. (o que não é meu caso!).
Algumas pessoas tentam justificar os atos falhos como cansaço, falta de atenção, etc. Claro. Muito mais tranquilo e bem mais plausível. Tem também aqueles que chegam a dizer que conseguem controlá-los! Maravilha, não? É como se a palavra viesse na boca e a gente conseguisse prendê-la na grade dentária. Isso faz com que a pessoa não passe por situações constrangedoras, mas ainda assim, não se livra da pergunta que não quer calar: "Por que eu quase disse isso?"
Escrevo sobre isso hoje porque ando incomodada com os meus atos...falhos, rsrs. Antes eu não dava muita bola, pois eles quase nunca aconteciam, mas de uns tempos pra cá, tem sido algo muito corriqueiro na minha vida: quando vejo, já troquei o nome, a expressão, a palavra...Tem dias que é impressionante. Eu acho (olha aí meus "achismos") que isso tem acontecido porque não tenho sonhado muito e, por estar em SP e não ter mudado de analista, fico quase duas semanas sem deitar naquele bendito divã. A única coisa que me conforta é que eles tem sido bem discretos e, na maioria das vezes, não fazem sentido algum quando acontecem e não tem causado situações embaraçosas. Depois que passa é que eu fico ali, matutando, buscando explicação e, quase sempre, encontrando (não sei se isso é bom ou ruim, rsrs).
Existem muitos exemplos desses lapsos e todos estamos sujeitos à eles. Que atire a primeira pedra quem nunca os cometeu! Mas calma...Não é sempre que eles devem ser interpretados, pois sua resposta está ligada às nossas próprias associações e, se preferir, nem é necessário pensar sobre isso se você não quiser. Viu como é fácil deixá-los pra trás?
O pior são aqueles que você procura explicação de todas as formas e, quando percebe que realmente não fez sentido algum e que tudo isso é uma grande baboseira, a resposta vem depois de meses. E, para minha felicidade, esses são os que mais acontecem comigo. Eu sempre me revoltava com a psicanálise e jogava toda a teoria no lixo, lutando pra provar pra mim mesma que, na prática, isso tudo era uma viagem, rsrs. Sempre em vão, pois logo tudo se encaixava perfeitamente. Hoje em dia, me incomoda, claro, mas aceito e tenho fé nisso! Hahahaha!
Bom, paro por aqui. Se algumas palavras estiverem erradas no meu texto, me perdoem, mas dessa vez, é porque o teclado do meu computador é muito pequeno e a luz sempre deixa meus olhos meio embaçados. Tá vendo? Nem tudo tem que ser analisado, não é mesmo? (e eu preciso dormir em paz esta noite! rsrsrs).

segunda-feira, 22 de março de 2010

Andei um pouco sozinho, o suficiente para observar que aquelas pessoas não faziam mais sentido, as que faziam, ali não estavam. Uma pena! Pena para mim, que de hora em hora olhava o relógio aflito, com a responsabilidade de não estragar a noite.
Já já passa...
Passa...
...


Sinto-me junto com o silêncio, precisando ouvir um certo "A" com a alma:

- Diz "a" pra mim
- ...
-Diga " a " somente!
- ...
-Só preciso de um "a"
- ...
-Diga "a" dizendo nada vai mudar.
-...




E nesse silêncio fiquei!


Só me restar dizer pra mi mesmo:

-Diga "a" dizendo que já chega.
- A!

sexta-feira, 12 de março de 2010

quarta-feira, 10 de março de 2010

Love Boat Captain

Seria hoje nada mais que mais um dia nessa terra posposta?
Primeiro vem o amor, seguido da dor. Que comecem os jogos!
(Insuperavelmente, perguntas aumentam e respostas caem)
Oh, Capitão da Embarcação do Amor! Leve embora os reinos e reinados, e conduza-nos em direção à luz que há por dentro.
Sim, isso já foi (muito) cantado, mas nunca o suficiente:
All you need is love.

Seria essa nada mais que mais uma fase de terremotos autores de grandes ondas,
Tentando se livrar do câncer? (oh, ineptos seres humanos...)
Uma vez segurado pelas mãos do amor, morre o insuperável;
Me abraça e faz disso uma verdade insofismável...

Quando tudo der a se perder, você será a minha bundinha de vaga-lume no escuro.
Porque, diante do vasto universo, não tenho nenhum valor,
E só me resta uma palavra pra poder acreditar
E é amor(!)

É uma arte conviver com a dor, misturar um pouco de luz ao cinza.
(Perdemos nove amigos nunca conhecidos há dois anos atrás)
E se a vida simplesmente se estendesse? Como ficariam os arrependimentos?
Jovens perdem a esperança
Porque não conseguem enxergar além de hoje -
É a sabedoria que o velho não pôde ensinar.

Constantemente recuada,
Ás vezes a vida não te impõe solidão irremediável;
Me abraça e faz disso uma verdade insofismável...
Existirá você.

Existirão vocês, meus muros das lamentações, meus alvos de chacota, minhas pernas mecânicas, meus relógios-cuco.

E as vozes que ouço diariamente. Um beijo a elas, aliás.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Partida

Chegou a hora!!! A partir de amanhã, começo a escrever no blog lá da capital, da terra da garoa, da cidade que nunca dorme, da vila da minha infância. É bem capaz que eu comece a escrever bem mais no blog, já que o computador será meu grande companheiro durante essa temporada em São Paulo e vou ter muitas horas disponíveis para tal finalidade. Já aviso que não sou essa pessoa "digitalizada" e não gosto de me comunicar por emails, talvez porque eu fale demais e também porque gosto daquelas conversas que fluem, que se misturam e geram um novo assunto sem que a troca seja sentida. Mas como nem tudo é do jeito que a gente quer (drama), sei que vou ter que me adaptar e já me vejo mandando longos emails, além de entrar no MSN sempre que tiver um tempinho, pois pelo menos, nesse caso, a conversa é em tempo real e dá até pra brigar feio com quem está do outro lado do mundo, em questão de segundos. Adoro esse dinamismo das relações.
Estou muito feliz com meu estágio e animada com a ideia de mudar. Talvez eu volte em julho, talvez eu fique por lá, mas o certo é que isso tudo vai ser uma prévia do que imagino para o meu futuro, ou seja, sair andando por aí. Aqui, hoje, já não é meu lugar. Aliás, não quero ter lugar por enquanto, embora eu saiba que um dia terei que me fixar, mas prefiro pensar nisso só daqui muito tempo. Claro que não descarto a possibilidade de uma reviravolta e também me imagino, às vezes, caminhando no Curupira (ele sempre vai ser o Curupira pra mim), velhinha, velhinha, contando aos meus netos como era a cidade antigamente. Também me imagino em Araraquara, passeando pela UNESP, relembrando os meus anos universitários e passando na "Borto" pra comprar pães pro café da tarde. Imagino tanta coisa para meus próximos anos que dá uma ansiedade gostosa, de querer passar um tempo em cada canto.
A única coisa ruim de tudo isso são as despedidas. Ahhhhhh, como eu sofro com elas. Quem já partiu de algum lugar sabe que muita coisa fica eternizada, cristalizada naquela época, naquela cidade. Poucas são as pessoas que continuam de mãos dadas com você e muitas são as que ficam no meio do caminho. E quando voltamos ao lugar e não nos reconhecemos mais? Que sensação estranha, vazia...Falo isso por Araraquara, tanto pelas pessoas que deixei lá, quanto pelas histórias que não fazem mais sentido nenhum se estiverem fora daquele contexto. Por isso fico triste de ir embora de Ribeirão, pois como diria Oswaldo Montenegro: "eu conheço o medo de ir embora".
Mas eu não vou terminar essa postagem de maneira dramática, jamais. Também tenho que dizer que, quando eu voltei pra cá, passei por anos terríveis, em que o que eu mais queria era arrumar as malas e sair correndo dessa cidade, pois NADA me agradava. E olha só, que delícia! Hoje, eu sofro por deixar as pessoas que eu conheci aqui, por deixar a UNAERP que odiei por tanto tempo e por amar demais a minha vida nesse lugar, ao lado de grandes amigos e amores. Nem vou discorrer sobre a dor de deixar meus pais, que apesar de todos os "arranca-rabos", são meus grandes companheiros. E a praguinha da Lola então? Enfim, saudade que não acaba mais.
Outra coisa muito gostosa é saber que meus amigos lá de São Paulo são as pessoas que carreguei comigo de Araraquara e dos meus anos de adolescência em Ribeirão. Estou doida pra revê-los, mesmo sabendo que eles não são mais os mesmos e que discutiremos horrores como sempre, mas que continuam sendo as pessoas que eu sei que posso sentar no sofá e colocar os pés na mesinha de centro, como se estivesse em casa. Isso é exatamente o que eu quero para o meu futuro, ainda que seja em Ribeirão, ainda que seja em Bangladesh: encontrar (-me) e reencontrar (-me).
Hasta la vista, muchachos.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Pra movimentar: ENQUETE

O que você faz quando ninguém te vê fazendo?

(Pra quebrar o gelo das relações também, vai! hahahahaha)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Não me leve a mal, hoje é carnaval.

Meu corpo (implorando):

"Bandeira branca, amor..."

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Reivindicação

QUERO AUTORIZAR POSTAGENS!
QUERO AUTORIZAR POSTAGENS!
QUERO AUTORIZAR POSTAGENS!


DIREITOS IGUAIS........

ABAIXO A HIERARQUIA DO BLOG.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

we can be heroes



é... acabei de ouvir essa canção (cujo título é o título do post) do meu bróder Bowie e fiquei com isso na cabeça, e deu vontade de dizer isso.
a foto? somos nós três, humildes (porém dignos) autores desse humilde (porém digno) blog.
marina, marcelo e eu, da esquerda pra direita. sei lá.
essa nossa vida errada e errante, esses conflitos todos que nos fazem clamar alguma coisa por aqui, essas perspectivas e desilusões e desassossegos e vontades bobocas... eu acho que isso tudo faz da gente ANTI-HERÓIS. e, não sei se vocês sabem, mas um anti-herói é um puta-herói.
ele só é torto.
só é real.
só sou eu ou
só é você.
não sei se faz sentido pra você aí, humilde (porém digno) leitor, mas com isso tudo eu quero dizer que WE CAN BE HEEEEROES.

ah, só mais uma coisinha (em forma de profecia mendiga que eu tanto adoro e adoto):



um beijo para os morangos voadores e as clepsidras de carnaval

uhu.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Pedaço de Esquina



Depois de uma longa e embriagada conversa, o filho pede ao pai que lhe compre um pedaço de bolo. Os dois logo saem para a confeitaria.


Filho: Papai. Eu quero o pedaço do bolo que não tem cereja!
Pai: Pelo amor de Deus, pega esse pedaço e fica quieto. Se vem com cereja é pra comê-la.
Filho: Mas eu não posso comer os dois, e outra: a cereja atrapalha o bolo.
Pai: Atrapalha?
Filho: Sim. Se eu tirar a cereja, ela vai roubar parte do meu bolo; dai eu vou ter que lambê-la pra recuperá-lo.
Pai: Pois lamba!
Filho: Mas... Se eu pegar o pedaço que não vem cereja e ainda por cima for de esquina eu saio ganhando.
Pai: Não é mais fácil comer este pedaço e depois pedir outro?
Filho: Não! A esquina vem com corbetura lateral.
Pai: Quando tinha sua idade, não ficava com essas frescuras.
Filho: Talvêz porque o senhor nunca havia parado pra pensar na falta que faz o pedaço do bolo roubado pela cereja. É por isso que as pessoas lambem. Veja aquela senhora ali, lambeu todas as cerejas, mas não as comeu! Não combina.
Pai: Se não combinam, fazem por quê?
Filho: Porque quando tinham a minha idade, não ficavam com essas frescuras.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Quem está por fora, não segura um olhar que demora.

Acabei de chegar da casa do Marcelo e resolvi movimentar o blog, já que os dois outros integrantes se ausentaram. Há! Mentira, não foi por isso. A verdade é que eu não tenho quase nada pra fazer, afinal hoje é domingo, madrugada e minha lista de amigos do msn está precária: só tem duas pessoas online e ambas me fazem questionar porque as adicionei. Típico. Mas enfim, fiz login (esse é o termo, né?) e postei (esse é o termo, né?) essa música da Maria Gadú, como vocês podem ver aí embaixo. Linda.
Depois disso, fiquei pensando nesse lance do olhar. É que eu gosto da parte: "Teu olhar me tirou daqui" e comecei a lembrar de várias músicas que falam sobre esse bendito olhar. Lembrei daquela que a Maria Rita canta, "Cupido", que diz: "você me tirou pra dançar, sem nunca sair do lugar, sem botar os pés no chão, sem música pra acompanhar", só com o olhar. Também lembrei da música do Chico Buarque, "A história de Lily Braun" - "Ele me comia, com aqueles olhos de comer fotografia. Eu disse cheese e, de close em close, fui perdendo a pose, e até sorri, feliz".
Aí pronto, né? Já fiquei aqui, lembrando dos olhares que marcaram muitas coisas na minha vida.
Lembrei até do olhar do Bento, quando ficava me observando, bebezinho ainda, enquanto eu fazia de tudo pra que ele soltasse um sorriso de canto, pelo menos. Hoje, com 1 ano e meio, ele ainda me observa, mas seu olhar me diz tanta coisa, que já entendo quando ele quer que eu pare com as minhas gracinhas e invente outras porque ele cansou, ou então quando sei que ele está feliz ao me ver subindo na árvore, aflita, para conseguir pegar a goiaba que ele tanto quer. O Bento já sorri com os olhos.
É claro que os olhares apaixonados roubaram boa parte das minhas lembranças. Que delícia. Deu até frio na barriga. Desde aqueles bem intensos, em momentos propícios, como aqueles de amanhecer, de completude. Lembrei também dos olhares de compreensão, de cumplicidade, que são muitos, apesar de poucos me compreenderem (risos). Amigos meus que não precisam me dizer nada com palavras, e eu tão pouco. O olhar da minha vó, que carrega toda a história do que ela viveu, cheio de alegria, tristeza, sabedoria. Doce.
Pensei em tantos. Só não quis lembrar dos olhares que não gosto. Pra que, né? Hoje, não. Mas os olhares que mais gostei de lembrar foram os de conquista. Meio fugitivo, meio sem jeito. Repleto de vontade de não ir embora, de demorar só mais um pouquinho. As palavras pouco importam nessa hora, isso é fato, pra mim. Às vezes, até estragam, na verdade. Ahhhh, como é bom ficar afoita, procurando o olhar e, quando encontra, logo desvia, com medo de que a pessoa veja tudo o que você está sentindo por ela, quando na verdade, é isso mesmo que você quer. Eu mesma, morro de medo dessa troca de olhares não ditos. Evito, evito, evito, até que me dou por vencida e, como num assalto, entrego o que tenho. É por ele que tudo começa, é por ele que tudo termina.
Bom, o meu olhar agora, já está dizendo que preciso dormir. Acabei de ver pelo reflexo da televisão desligada, aqui do meu lado. A insônia não me pega hoje. Boa noite.

Encontro

Sai de si
Vem curar tem mal
Te transbordo em som
Põe juízo em mim
Teu olhar me tirou daqui
Ampliou meu ser
Quero um pouco mais
Não tudo
Pra gente não perder a graça do escuro
No fundo, pode ser até pouquinho
Sendo só pra mim, sim

Olha só, como a noite cresce em glória
E a distância traz
Nosso amanhecer
Deixa estar o que for pra ser vigora
Eu sou tão feliz
Vamos dividir os sonhos
Que podem transformar o rumo da história
Vem logo
Que o tempo voa como eu, quando penso em você.

Maria Gadú

domingo, 31 de janeiro de 2010

Meus caros, preparem-se, é hoje;

Hoje é o dia de forjar o choro. Passar a mão pelas memórias levemente, ouvir músicas arrastadas e arasadas, abraçar o próprio coração com tanta força, mas tanta, que dele saiam gritos de sangue. É dia de lembrar de como foi marcante, de como poderia ter sido. Bagunçar um pouco a mente com versões verossímeis de episódios que nunca aconteceram.

Que tal esquecer de acontecer?

É hoje, só pode ser hoje... A ventania que antecede a chuva entristece o fim do dia, obscurecendo o sol sem que ele possa ao menos se explicar. E é de uma beleza tão brilhante que logo acaba, com o surgimento de estrelas e da lua cheia, aparentando esconder segredos incontáveis, e relâmpagos acentuam as palavras consteladas pelo céu misturado aos postes e edifícios. Não há como não ser hoje.

Ouça as vozes, deite-se no chão, leia Clarice, leia Sartre, Florbela e Pessoa, leia o interior das coisas e pense em como tudo faz um sentido absurdo... Hoje é dia de encostar na parede e arrastar-se até o chão - vale tudo para fazer o pranto acontecer -, dia de parar o olhar e fixá-lo em nada por longos minutos, talvez tomar uma garrafa de vinho e sentir que se está só. Não deixe o telefone tocar, a não ser que seja engano!

E se hoje fosse seu aniversário?

A chuva ainda não veio, mas estou certa de que é hoje. Acredite! Busque brilhar os olhos com alguma fotografia muito linda, busque molhar os olhos com as coleções de cartas de pessoas muito queridas e com os filmes que você nunca mais vai esquecer... Hoje é dia de ouvir a sua trilha sonora e apertar os olhos; algo há de sair.

Faça um esforço... vale a pena. Chore um pouco hoje, ou chore muito até amanhã. Chore por qualquer coisa, pouco importam os motivos; apenas chore. Pelas crianças mudas telepáticas ou pela morte da bezerra ou pelo leite derramado. Chore de alegria. Saudade. Medo. Tristeza. Chore de rir, mas chore...

Pois eu ainda não consegui.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Eita, trem bão!


Finalmente conheci um pouco de Minas Gerais. Antes, eu só tinha ido até aquelas cidades que a gente pergunta: "Mas isso aqui já é Minas?" e nem percebe que estamos em outro estado. Mas dessa vez, eu viajei por horas e horas (o que já dá a sensação de que estamos em outro estado mesmo) e pude notar a diferença entre o que vivemos aqui e o que é o mundo de lá. Pode parecer exagero da minha parte, mas pra mim, foi tudo muito diferente.

Apesar da pista simples e da péssima sinalização, a estrada não deixa a desejar. Fiquei encantada com o que via no caminho e mais ainda quando cheguei em Ouro Preto. Gostei demais do que vi, ouvi e senti. A cidade exala história por todos os poros e dá pra sentir o peso que ela carrega nas suas ladeiras, igrejas e esquinas. Fiquei mais desacordada ainda quando vi uma maquete, no Museu da Inconfidência, do que era a Vila Rica na época da mineração e, de repente, olhei pro chão e imaginei que estava em cima desse palco, cheio de história pra contar.

Visitei muitas igrejas (muitas mesmo) ao longo de todas as cidades históricas que passei e, apesar de não ter afinidade nenhuma por elas, gostava de sentar nos bancos e pensar um pouco sobre como tudo aquilo foi construído, o que se passava naquela época e, principalmente, sobre as pessoas que entregavam suas vidas em busca de algo que elas mesmas não podiam se apropriar.

Também não posso deixar de mencionar o meu entusiamos pelo povo mineiro. Eita! Que coisa gostosa! Quase sempre estávamos perdidos nas cidades por onde passamos, mas sempre encontrávamos um mineiro com sorriso no rosto para nos ajudar. Teve um que até pegou sua moto e nos levou para onde deveríamos seguir. Fora o sotaque adorável, o brilho nos olhos e a calma tão sincera e incomum que quase não vejo por aqui e, que aliás, muito menos em mim mesma.

Talvez seja por esse motivo que eu tenha sentido tanta diferença de um lado pro outro. O que eu vivo aqui e o meu jeito de ser, são muito diferentes do que o que eu vi lá. Não digo que minha realidade é melhor ou pior, mas bem diferente e isso me fascina. Gosto do que me deixa sem chão, do que me leva a querer modificar ou ampliar meus horizontes e fazer uma reforma no meu modo de caminhar nesse mundo sem fim.

Estou aqui, então, recomendando essa viagem para os que não foram. Para mim, ela foi umas das mais especiais que eu já fiz, mas talvez isso tenha se dado pela minha paixão por história e pela companhia tão querida que estava ao meu lado nessas descobertas. Por outro lado, sei que é impossível não ser tocado por essa outra parte de Brasil, simplesmente pelo fato dela ser outra.


domingo, 3 de janeiro de 2010

Trocando lentes, obturadores, objetivas

Anos de auto-análise se afunilam em graves alfinetadas.
O processo autoral passa pelo refinamento e suas cordas são afinadas por mãos alheias que se carrega por dentro, no interior de um pacote de pura entrega.
Nos últimos dias e meses e anos aprendi que crescer requer coragem. E coragem requer a preparação do ringue cerebral com muita luva e pouca espuma.
Há muita violência no caminho. É preciso!
Não sei mais se quero depender de ciclos para recomeçar e traçar planos - basta olhar-me no espelho e respirar fundo; acumular muito fôlego, relembrar o equilíbrio da perna-de-pau e desaprender o da corda-bamba ("não há guarda-chuva..."). É duro perceber que só se sabe cair de bunda. Há outras extremidades...
Agora é hora de aproveitar o sossego para ensaiar o desassossego!
A pequena infante não quer ir embora; e não vai... Não será necessário. Ainda tenho que brincar de bola...
Guardarei com carinho e me lembrarei com carinho de cada borboleta que passa pelo estômago, mas é tempo de cuspir as violetas certas, custe o que custar. Haja o que houver. Haja o que houver. Haja. Aja. Já!

Façam muitas manhãs, que se o mundo acabar, eu ainda não fui.
Ah, eu hei de ser
Terei de ser
Serei.


Um beijo para as vozes que ouço diariamente.