terça-feira, 10 de novembro de 2009

Nesse caso.


Talvez um voltasse, talvez o outro fosse. Talvez um viajasse, talvez outro fugisse. Talvez trocassem cartas, telefonemas noturnos, dominicais, cristais e contas por sedex (...) talvez ficassem curados, ao mesmo tempo ou não. Talvez algum partisse, outro ficasse. Talvez um perdesse peso, o outro ficasse cego. Talvez não se vissem nunca mais, com olhos daqui pelo menos, talvez enlouquecessem de amor e mudassem um para a cidade do outro, ou viajassem junto para Paris (...) talvez um se matasse, o outro negativasse. Seqüestrados por um OVNI, mortos por bala perdida, quem sabe. Talvez tudo, talvez nada.

Caio Fernando Abreu.

2 comentários:

  1. Putz! Primeira coisa que exclamei ao terminar de ler o texto. Talvez deveria sair outra coisa da minha boca, talvez não! Depois de ler tanto talvez, e de imaginar o "talvez" da nossa relação (que durante o texto, era o que me ocorria) passei a temer menos os possíveis desencontros que anunciam. Talvez eles nem ocorram! E se ocorrerem? Ah se ocorrerem a gentez conta com os possíves encontros que com certeza suprirão a saudade guardada na separação.

    Adorei.

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  2. talvez o ano acabe e fiquem os três, sozinhos, juntos, a pensar nos próximos talvezes.


    ...eu adoraria

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